quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

(quase) 4 anos depois.

Este ano de 2018 não foi nada fácil.
Mas eu até nem me podia queixar, que desde o meu silêncio até ao final de 2017 as coisas andaram tranquilas, serenas. A única coisa com que me podia queixar era com o excesso de trabalho (ai, as prioridades..!).
E claro que o Universo não dorme, e de repente abri a porta e tinha uma tonelada de limões. Foi-me assim diagnosticada, em Dezembro de 2017, infertilidade.

Entrei neste ano com dores horríveis. Acho que de certa forma foi uma maneira poética, agoirenta, do que vinha aí.
Depois das dores, uma cirurgia marcada. Uma irmã a confirmar as supeitas de ter herdado a doença da nossa família, uma sobrinha angustiada. Estou sempre a cuidar de alguém (e quem cuida de mim?). E seguir em frente, porque já estou habituada a estar em segundo plano sempre.
A cirurgia foi um sucesso e consegui engravidar! Como foi possível? Não me esqueço daquele dia. Daquele momento. Os dois riscos no teste de gravidez, o ir confirmar e ouvir o coração a bater.. afinal estava já de 5 semanas! Estava grávida e não sabia!

Claro que não correu bem.
nem da segunda vez.

Claro.

Eu hei-de falar sobre isso, mas não agora.

Agora preciso de colocar aqui em palavras a confusão que vai na minha cabeça.
Que preciso de mudar de postura, preciso de fazer as pazes com o facto de poder nunca acontecer. preciso de o fazer para não enlouquecer, ciclo a ciclo, dia a dia, testes de ovulação, testes de gravidez, primeiro um, depois dois, depois dez. Google, pesquisar, analisar, compreender, saber tudo à exaustão. Viver, respirar para cada ciclo. Chorar quando a menstruação vem. É doentio.

Depois penso. Se não tivessem sido as gravidezes, não saberia do tumor que encontraram na minha tiróide.
Será que tudo tinha uma razão de ser?
Será que há uma poesia em tudo isto?

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